Por que existe tanta discriminação quando o assunto é agronegócio?

É uma pergunta que incomoda bastante quem é do ramo, pois muito se fala, pouco se sabe e muito menos se prova! 

É um tema polêmico? É. Mas esse artigo não tem a intenção de promover uma guerra entre os lados, mas sim elucidar as possíveis causas de tanto preconceito. 

Então let’s agro! 

O Agronegócio no Brasil

Nosso país, sem sombra de dúvida, é uma potência mundial quando falamos em exportação de commodities. A cada ano, batemos novos recordes de produção e o PIB brasileiro agradece.

Seguindo esse raciocínio, a pandemia mostrou o quanto o agronegócio é importante. Enquanto outros setores passavam por sérias dificuldades, o agro continuou a todo vapor, sustentando o país.

O Ministério da Economia publicou que  “a crise econômica provocada pelo coronavírus teve pouco efeito nas exportações brasileiras por causa do desempenho do agronegócio”.

Fonte: sindicatoruraldebelavista.com.br/pib-do-agronegocio-cresceu-138-ate-agosto-diz-cna/

O AGRO NÃO PARA NUNCA! 

Vale ressaltar que nos anos 1970 o agronegócio representava apenas 7,5% do PIB e hoje ele representa quase 30%.

Para se ter uma ideia, de acordo com o Governo do Brasil, as exportações do agronegócio atingiram US$ 8,82 bilhões no mês de janeiro deste ano, apresentando um aumento de 57,5% em relação ao mesmo período do ano passado (2021), tendo como os maiores representantes a soja e a carne.

Olha só a colocação do agronegócio brasileiro perante o mundo: 

🥇Maior exportador de soja;

🥇Maior produtor e exportador de café e açúcar;

🥈2º maior exportador de alimentos do mundo;

🥈2º em exportação de carne bovina;

🥉3º maior exportador de milho;

🥉3º maior produtor mundial de frango.

Desafios do Agro

Ficou claro que o Brasil se apresenta como um importante produtor mundial de alimentos e o melhor de tudo é que ainda estamos em expansão produtiva. A tendência é dominarmos o ranking em todos esses setores citados acima.

Mesmo com essa expansão produtiva, é sabido que a população e a demanda por alimentos estão aumentando em maiores proporções do que vem sendo ofertada a comida.

Fonte: suino.com.br/covid-19-o-agro-nao-para-de-produzir-alimentos-mas-quer-um-pouco-de-atencao/

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (a FAO), cerca de 805 milhões de pessoas no mundo não têm comida suficiente para levar uma vida saudável e ativa. A ONU estima que a população mundial em 2024 será superior a 8 bilhões de pessoas, o que nos mostra que a necessidade de se produzir mais alimentos já é uma realidade.

Com certeza é um desafio global que acaba promovendo uma corrida tecnológica a fim de  ampliar a produtividade, adotando boas práticas sustentáveis para atender os altos níveis de produção, sem causar mais danos ambientais e desequilíbrio ecológico nas áreas agrícolas.

Podemos afirmar que o investimento em tecnologia foi de suma importância para o agro, pois quando voltamos na década de 1970, com o início das inovações tecnológicas feitas àquela época, observamos um salto nos níveis de produtividade e crescimento econômico ao redor do mundo. A partir daí finalmente conseguimos ofertar mais alimentos do que era demandado. 

Porém, existem alguns fatores que acabam interferindo na diminuição da oferta de produtos agrícolas em nosso país. São elas: 

1. Carga tributária

Vários empreendimentos são simplesmente inviabilizados no Brasil em razão dos impostos, entre eles empresas do agronegócio.

A carga tributária elevada e, na maioria das vezes, injusta, impacta diretamente no custo de produção e, desse modo, no valor final do alimento.

Fica clara a necessidade, em caráter de urgência, de reformular o sistema tributário brasileiro, tornando-o mais justo e modernizado. O que temos hoje, penaliza o agronegócio e limita drasticamente seu potencial competitivo.

 

2. Desperdício de alimento:

São alarmantes os números do desperdício de alimentos ao longo da cadeia produtiva. Cerca de 35% de toda a produção agrícola não é aproveitada.

Do total de desperdícios no país, 10% ocorrem durante a colheita; 50% no manuseio e transporte dos alimentos; 30% nas centrais de abastecimento; e os últimos 10% ficam diluídos entre supermercados e consumidores. 

3. Crédito para o crescimento

O agronegócio apresenta demandas muito grandes e crescentes, enquanto os investimentos são onerosos demais.

Daí surge a necessidade de políticas públicas mais consistentes, que atendam o produtor rural como também empresas voltadas ao agro, ou seja, disponibilização de recursos públicos como em qualquer país desenvolvido. 

Só esses exemplos já ilustram o quanto o caminho para se produzir mais no país é difícil. Mas o agro abraçou essa bandeira e o resultado, com certeza, será o suficiente para alimentarmos o mundo.

Mas fica a pergunta: apesar de tantos obstáculos, de onde vem tanto preconceito de um setor que está empregando, alimentando o mundo, enchendo os cofres e sendo o alicerce da economia nacional? 

Preconceito contra o agronegócio brasileiro: o X da questão.

Tudo gira em torno de uma palavrinha chamada desinformação.

O significado de desinformação, segundo o dicionário, é:

▪️ Ação ou efeito de desinformar;

▪️ Informação inverídica ou errada que é divulgada com o objetivo de induzir em erro;

▪️ Falta de conhecimento; ignorância.

É como diz a infame frase de Joseph Goebbels: “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”.

Isso mostra o quanto as fakes news podem interferir na sociedade. As pessoas devem filtrar mais a chuva de informações que recebe todos os dias e buscar por fontes confiáveis e independentes a confirmação das notícias.

Quer ouvir verdades?

As pessoas têm a tendência de olhar para o agro e vê-lo como uma atividade que só derruba árvores e polui os rios, mas não é bem assim. 

As boas práticas agrícolas existem para atender os altos níveis de produção sem deixar de lado a sustentabilidade. Existe, sim, um cuidado especial com o solo. Ele é analisado e corrigido de modo a recuperar todos os nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas.

Além do solo, o ar também faz parte da pauta de investimento, como podemos citar o Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC). Ele oferece uma linha de crédito destinada a investimentos nas práticas sustentáveis na produção agropecuária. 

Em dez anos, o programa conseguiu evitar a emissão de mais de 170 milhões de toneladas de carbono, em mais de 52 milhões de hectares.

Para se ter uma ideia, a nova política pretende implantar técnicas sustentáveis em 72 milhões de hectares, com a meta de reduzir a emissão de carbono em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário até o ano de 2030.

Fica claro que existem várias empresas e instituições que trabalham incansavelmente para desenvolver novas técnicas que reduzem os impactos climáticos, do solo e da água. Entre elas podemos citar a tão conhecida Embrapa.

Nela, por exemplo, são desenvolvidos estudos e investimentos tecnológicos que possibilitaram a realização de 2 até 3 safras em um mesmo espaço de terra, assim diminuindo a necessidade de abrir novas áreas cultiváveis. 

Pelo contrário do que muitos pensam, essa técnica é necessária para  conservar o solo, evitando sua exaustão.  

E não para por aí. Vários estudos tornaram possível transformar solos ácidos e pobres em terras férteis, permitindo adaptar diversas culturas importantes no Brasil e no mundo. Pois pensamos no planeta como um todo, compartilhando nossas descobertas com o restante do mundo, fazendo com que outros países adotem políticas mais sustentáveis.

Reforçando ainda mais esse assunto, podemos citar algumas ações que comprovam que o agronegócio está muito preocupado em se tornar cada dia mais sustentável:

▪️ Aumento do uso de defensivos biológicos, substituindo o uso de produtos químicos.

Os produtos biológicos são utilizados para diminuir o uso de produtos químicos prejudiciais ao meio ambiente, sendo uma ferramenta de grande valor no que chamamos de Manejo Integrado de Pragas (MIP). 

Dessa forma, utiliza-se organismos vivos ou obtidos por manipulação genética para combater pragas e doenças provocadas por agentes nocivos à agricultura.

O MIP  é apoiado por agrônomos e pesquisadores quando ele favorece a otimização do uso de defensivos químicos, promovendo uma maior eficiência no uso dos insumos e contribuindo com a sustentabilidade. 

Para se ter uma ideia, lavouras que utilizam defensivos biológicos chegam a reduzir em mais de 50% o uso de produtos químicos sem perder sua produtividade. No Brasil, a utilização de defensivos biológicos já ultrapassou os 23 milhões de hectares e a estimativa de crescimento chega aos 20% ao ano, fazendo do país o líder da América Latina na adoção desse manejo. 

E essa tendência não é uma exclusividade somente do nosso país. A redução do uso de agroquímicos para combater pragas e doenças nas lavouras cresce em todo o mundo. 

▪️ Outros exemplos de estudos e emprego de técnicas que tornam o agro mais sustentável:

Abaixo estão listadas outras ações básicas que vêm sendo utilizadas para evitar a poluição por meio do manejo da lavoura de forma mais harmoniosa com o meio-ambiente, antes, durante e depois de cada safra e safrinha:

🟢 O descarte inteligente de todo material descartável;

🟢 Preservação efetiva das nascentes e margens de córregos e rios;

🟢 Investimento em sistemas de captação de água das chuvas para uso na irrigação;

🟢 Reflorestamento;

🟢 Controle de queimadas;

🟢 Utilização de fontes de energia limpa (biodiesel, biogás, etanol, biomassa, etc.);

🟢 Investimento em inovação e startups com o foco no agro sustentável;

🟢 Tratamento de sementes, diminuindo assim a utilização de insumos e defensivos;

Quando falamos do tratamento de sementes, além de fazer com que a planta exija menos produtos químicos, serve para descontaminá-la de patógenos, evitando que estes sejam introduzidos em áreas livres, contribuindo para o sucesso do plantio ao aumentar a qualidade sanitária da lavoura e  potencializar a genética da semente.

Fonte: atuaagro.com.br/blog/cuidados-iniciais-na-lavoura-a-importancia-do-tratamento-de-sementes

E não para por aí. Se você fizer uma busca rápida no Google, encontrará inúmeros artigos que provam o quanto o agronegócio tem focado em se tornar uma atividade cada vez mais ecologicamente sustentável.

Então o agro é o certinho da história? 

Em todos os setores há defeitos e qualidades. Isso é fato!

Como já deu para perceber, a agropecuária pode, sim, provocar impacto ambiental em pequena ou grande escala, em razão de algumas variáveis:

➡ tipo e extensão da exploração que será implantada;

➡ diretrizes ambientais do empreendimento ou do produtor;

➡ tecnologia utilizada na produção;

➡ fiscalização existente na região.

Então podemos ser francos: existe desmatamento ilegal? É claro que existe! Existe poluição e uso indiscriminado de defensivos agrícolas? Sim! Mas o real problema é que os inocentes pagam pelos pecadores. 

Como já falamos anteriormente, a grande maioria dos produtores rurais segue o código florestal, produzem de forma ecologicamente sustentável, mas acabam sendo penalizados por “aquele 1%” de criminosos ambientais. 

Mas como saber se a fazenda  está respeitando a natureza?

Para saber se uma fazenda está sendo sustentável ou não, deixamos alguns pontos para serem observados:

✅ Existe uma gestão inteligente de todo o processo produtivo, inclusive a logística para o recolhimento e destinação?

✅ Utiliza os recursos naturais sempre de forma consciente?

✅ Promove ações de conscientização e educação, objetivando o engajamento de todos os elos da cadeia produtiva?

✅ Utiliza técnicas que diminuem a emissão de gases poluentes, priorizando as alternativas mais limpas?

✅ Utiliza de sistemas inteligentes de reuso de materiais e água?

Se as respostas para as perguntas acima forem “sim”, então com certeza a fazenda adota práticas e é sustentável. 

Fonte: blogs.jornalismounaerp.com.br/2017/10/09/brasil-busca-mostrar-ao-mercado-global-que-tem-um-agro-sustentavel/

Então o que o agronegócio precisa fazer para ser ouvido?

Ao contrário das indústrias e empresas de outros setores, o marketing verde do agro é muito precário, o que acaba dando mais espaço para as fakes news se fortalecerem.

Pois muito se fala do lado ruim e pouco se sabe dos investimentos tecnológicos e estudos científicos que vêm promovendo a diminuição dos impactos do agronegócio na natureza. 

Apesar disso, com a chegada dos agroinfluencers, vemos uma luz no fim do túnel. São formadores de opinião que podem ajudar a reverter esse quadro. É uma forma de dar voz ao agro, diminuindo os ruídos de comunicação e melhorando a visão que a sociedade tem do segmento.

Outro fator a se destacar é o investimento em marketing nas mídias sociais, seja dentro, antes ou depois da porteira. É fundamental a presença o marketing para que diminua a discriminação com o agronegócio brasileiro. 

Mostrar que o agro não é só soja e carne. O agro é açaí, é arroz, é feijão, é celulose, é algodão, são ovos…  O agro está em tudo! Está no cotidiano das pessoas. 

Espero que tenha gostado da leitura e nos vemos em breve.

Lembre-se: o Brasil é agro! 

Por Roberto Barros – Analista de Conteúdo na Agência Inusitada

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